🔵Indicadores

Clima no lar
As pesquisas educacionais destacam a correlação entre um ambiente sereno no lar e o desenvolvimento saudável da criança. Uma criança que vive em um lar onde ocorrem frequentes discussões, gritos, punições ou caos generalizado não está em um ambiente favorável para a aprendizagem, pois o aprendizado requer momentos de reflexão, ordem, silêncio e, acima de tudo, um mínimo de tensão, estresse ou angústia. Nesse sentido, Long, Gurka & Blackman (2008) mencionam as relações entre estresse parental e problemas comportamentais e de linguagem em crianças em idade pré-escolar; famílias com filhos com deficiências, distúrbios de linguagem, autismo ou problemas comportamentais apresentam níveis mais altos de estresse, o que também afeta o comportamento parental.
Organização no lar
Refere-se às rotinas e ordens gerais da família. Trata-se da capacidade de estruturar temporalmente as atividades da família, desde horários aproximados para acordar, refeições, horários adequados para os filhos irem dormir, tempo de TV, momentos de lazer e saídas, até horários para higiene... As crianças precisam de uma rotina para se sentirem seguras e tranquilas em seu ambiente. Essa rotina estabelece horários, mas também hábitos repetitivos que ajudam a construir um equilíbrio emocional importante para sua educação e construção de personalidade.
Estilo educativo
Dos estilos educativos, destacam-se duas abordagens extremas. O estilo autoritário, onde a família segue um modelo rígido, a obediência é vista como virtude, são mantidas tradições e ordem, os castigos são usados como medida educativa, nem sempre são explicados os motivos das ações, resultando em diálogo limitado, falta de autonomia, espontaneidade ou iniciativa, comportamentos hostis, pouca tenacidade para atingir metas e fraca internalização de valores morais.
Por outro lado, o estilo permissivo caracteriza-se por pais que evitam restrições ou punições, não estabelecem normas, relaxam as expectativas quanto à maturidade e responsabilidade, toleram impulsos dos filhos e valorizam pouco o esforço pessoal. Alunos com pais que adotam esse estilo geralmente desenvolvem efeitos socializadores negativos, comportamentos agressivos. Apesar de aparentarem grande vitalidade e alegria, podem ser dependentes (pouco autônomos), com baixos níveis de maturidade e sucesso pessoal.
Estratégias educativas
O processo de socialização e educação familiar não segue uma sequência linear de práticas educativas realizadas pelos pais e internalizadas pelos filhos, mas sim um processo multidirecional com influências recíprocas. Nesse modelo, são de particular interesse as atividades e relações promovidas na vida cotidiana familiar, ou seja, as rotinas e experiências apoiadas e promovidas pelos pais. Cada família desenvolve um "currículo educativo" que inclui conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e normas adquiridas através da participação em processos de ensino-aprendizagem dentro da comunidade familiar. A motivação dos pais na interação com seus filhos condiciona sua atitude nas atividades compartilhadas.
Autonomia
A autonomia é uma capacidade crucial na competência de aprender a aprender. A capacidade de ser autônomo e resolver problemas permite realizar diferentes ações com critério próprio e iniciativa. Além disso, evidencia uma tendência para seguir normas e convenções sociais. Esta capacidade leva a uma disposição positiva para investigar, buscar informações, argumentar ideias próprias, encontrar recursos e até mesmo criá-los. Para que a autonomia se desenvolva nos filhos, os pais devem promover uma atitude de autoridade respeitosa, onde se imprimem condutas sociais e normas, permitindo ao mesmo tempo que a criança faça certas coisas por si mesma, apropriadas para sua idade, e assuma responsabilidades ou tarefas domésticas. Devemos observar se as famílias obtêm pontuações baixas, indicativas de dependência, pois nessa situação os pais podem estar promovendo um nível de dependência nos filhos, limitando assim sua capacidade criativa e de busca de recursos para o seu próprio aprendizado.
Apoio emocional
Durante a infância, o desenvolvimento da autorregulação emocional é caracterizado como a transição de uma regulação externa, dirigida principalmente pelos pais ou pelas características do contexto (Alto Apoio Emocional), para uma regulação interna, caracterizada por maior autonomia e independência, na qual a criança internaliza e assume os mecanismos de controle. Essa mudança é um processo ativo onde a propensão inata do organismo para se tornar autônomo em relação aos diferentes ambientes é muito importante (Grolnick, Kurowski e McMenamy, 1999).
Psicólogos do desenvolvimento também têm se interessado em descobrir as causas do desenvolvimento da autorregulação. Neste sentido, foram identificados fatores de origem endógena, onde a maturação das redes atencionais é de especial relevância; em relação aos fatores exógenos, tem-se destacado o papel fundamental dos pais como guias no processo de desenvolvimento de seus filhos.
Satisfação com a escola
A satisfação da família com a escola, assim como manter uma única direção relacionada a objetivos ou princípios educativos comuns, é fundamental para o aprendizado dos alunos. Uma família insatisfeita com um professor ou com a escola implica uma dissociação nos referenciais do aluno, e, portanto, uma desautorização do professor ou da instituição escolar. Se isso ocorrer e o aluno permanecer na escola, a capacidade de intervenção educativa da escola será limitada, afetando seriamente o desenvolvimento do aluno devido às divergências nas práticas educativas entre ambas as instituições.
Participação na escola
A participação das famílias na escola ou com a escola permite desenvolver, junto com os educadores e a comunidade em geral, uma interação eficaz que facilita melhor compreensão de diferentes pontos de vista, formulação de metas comuns para os alunos (como já mencionado anteriormente na seção de Satisfação), e compreensão dos esforços e papéis de cada um dos atores no processo educativo. Essas interações facilitam a troca de informações necessárias para melhorar as escolas e criar experiências de aprendizagem eficazes. Se observarmos que uma grande parte das famílias demonstra participação passiva, isso pode indicar a necessidade de incentivar uma maior interação e envolvimento ativo.
Comunicação com a escola
Referimo-nos à qualidade das interações entre pais e escola. A família pode sentir que há pouca comunicação, mesmo que haja encontros, tutorias ou reuniões.
Expectativas em relação à escola
Com este indicador, referimo-nos às expectativas educacionais que a família tem da escola para com seus filhos e se ela delega ou não em excesso as tarefas educativas para ela. Expectativas severas indicam que a família não apenas tem altas expectativas em relação à escola, mas também delega grande parte da educação para ela, entendendo que são funções exclusivas da escola. Em algumas ocasiões, para algumas famílias, a escola deveria cobrir até mesmo certas áreas que são de responsabilidade da família (cuidado e atenção às crianças), e elas sentem que há uma dissociação entre as dinâmicas familiares, escolares e profissionais, começando pelos horários.
Estratégias de apoio
As famílias podem apoiar o aprendizado acadêmico e curricular de seus filhos com diferentes ações. Para isso, é necessário atender a várias condições, como conhecer as tarefas que o filho está realizando na escola, ter certa formação acadêmica e saber como oferecer alternativas de aprendizagem.
*Este indicador é avaliado apenas no questionário direcionado aos pais de alunos do Ensino Médio.
Atividades extracurriculares
As atividades extracurriculares podem ser muito benéficas para o desenvolvimento ou, pelo contrário, prejudiciais, dependendo do tempo dedicado a elas, da motivação e da variedade. Essas atividades devem ser vistas como um complemento, aprofundamento, especialização ou hobby em relação ao trabalho realizado em casa e na escola. Neste caso, se encontrarmos pontuações baixas centradas nos pais, isso significa que essas atividades são escolhidas com base nos interesses parentais (seja por compatibilidade de horários ou formação), mas com pouca consideração pelos interesses ou motivação dos filhos para realizá-las.
Tipos de atividades
São analisados os diferentes tipos de atividades desenvolvidas tanto em casa quanto fora dela (atividades extracurriculares, atividades de apoio ao estudo ou atividades de lazer). Há uma distinção entre atividades lúdico-instrutivas e pragmático-controladoras.
*Este indicador é avaliado apenas nos questionários direcionados aos pais de alunos do Ensino Médio, Ensino Fundamental e Ensino Primário.
Lazer
O lazer dos alunos e o lazer familiar também são aspectos muito relevantes no desenvolvimento e aprendizado. A descoberta do ambiente é um dos objetivos curriculares para a infância, e, portanto, deve-se prestar certa atenção a isso. Em alguns contextos, discute-se até mesmo se aprender a ter um lazer saudável deveria fazer parte de algum componente curricular. Interessar-se pelo lazer dos nossos alunos permite uma aproximação na relação professor-aluno, além de conhecer certas características do aluno e fases de seu desenvolvimento evolutivo. O lazer varia muito de acordo com a idade, mas podemos identificar se é um lazer passivo mais próximo do jogo isolado, assistir TV, jogar videogame (independentemente de alguns serem muito educativos), ou um lazer mais ativo como visitar teatros infantis, fazer excursões, pequenas trilhas, visitas a fazendas-escola, etc. Neste caso, devemos focar nas famílias que tendem a um lazer passivo, pois isso pode limitar o desenvolvimento, o interesse e a motivação pelo aprendizado para a vida.
Atualizado