🔵Indicadores de PHDA na Bateria Habilmind
Um dos problemas mais frequentes no mundo escolar é o Déficit de Atenção, que, juntamente com a dislexia e a hiperatividade, aparece como um dos principais causadores de fracasso escolar e problemas de comportamento.
Estatisticamente, 3-7% de crianças têm este síndrome, a nível mundial; mas a intensidade das suas manifestações e a repercussão social negativa que gera obriga a ter um conhecimento das causas e das diferentes intervenções educativas.

Não existe uma única causa para o Déficit de Atenção, sendo este o resultado de uma variedade de mecanismos causais. Os principais estudos apontam para fatores neurobiológicos e hereditários, bem como para ingredientes químicos (exposição ao chumbo ou tabaco, consumo de certos aditivos químicos refinados), sem chegar a conclusões irrefutáveis; estes fatores aumentam ou reduzem o seu impacto em articulaçáo com elementos ambientais, como a tensão familiar , a falta de limites protetores (disciplina), a sobre-estimulação sensorial e a falta de aprendizagem para a tolerância perante o esforço e a frustração.
Na área cognitiva, o filtro de atenção que antecede o processo intelectual de captação de informações é deficiente, pelo que os dados percebidos são incompletos, distorcidos e, portanto, a mente gera um conhecimento frágil e precário. Um processo de captação proveniente de um déficit de atenção é irregular, descontínuo, impulsivo (age antes de pensar) e parcial. Esta deficiência cognitiva básica afeta logicamente o processo de memorização de detalhes e de informações sistemáticas; por esta razão, também a memória é afetada pelo déficit de atenção.

O DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria), considerado a referência de maior reconhecimento mundial, estabelece os seguintes sintomas do Déficit de Atenção:
Falha em manter a atenção a detalhes ou cometer erros evidentes em tarefas escolares, trabalho e outras atividades.
Dificuldade frequente em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
Frequentemente parece não ouvir quando é falado diretamente.
Frequentemente não segue instruções ou falha na conclusão de tarefas escolares ou de trabalho (não devido a comportamentos de oposição ou dificuldade na compreensão das instruções).
Dificuldade frequente em organizar os seus trabalhos e atividades.
Evasão ou relutância frequente em envolver-se em tarefas que requerem esforço mental sustentado (como o trabalho escolar).
Perda frequente de coisas necessárias para realizar tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, agendas, lápis, livros ou ferramentas).
Facilidade e distração frequente por estímulos estranhos à tarefa.
Esquecimento frequente em atividades cotidianas.
Observou-se que, ao chegar à adolescência, a frequência e a intensidade dos sintomas do déficit de atenção declinam.
Problema do Diagnóstico
O déficit de atenção pode ser estrutural ou funcional. O primeiro é o déficit real e requer uma atenção multifuncional muito sistemática e coerente. O déficit funcional obedece apenas a causas ambientais e não tem o componente orgânico. Frequentemente, os dois têm manifestações e sintomas semelhantes, mas requerem uma intervenção muito diferente.
O défice de atenção estrutural é, usualmente, tratado por um médico, que costuma prescrever medicamentos que aumentam o estado de alerta do sistema nervoso central. Os mais comuns são metilfenidatos, como Ritalin e Concerta, que são prescritos a 80% das crianças com défice de atenção. Os componentes dos metilfenidatos são estruturalmente semelhantes a certos neurotransmissores (e.g., dopamina) e, por isso, os seus efeitos manifestam-se num aumento da atenção, redução da impulsividade e controlo do comportamento. As estatísticas revelam que há uma taxa de 75% de bons resultados dos medicamentos em crianças com este problema.

É necessário notar que o medicamento não “cura” o déficit de atenção e, portanto, são necessárias outras intervenções educativas por parte de pais e professores.
O déficit de atenção funcional não tem base orgânica e deve-se a intervenções educativas deficientes no lar: laxidade na disciplina, presença de situações exageradamente estressantes em casa, sobre-estimulação ambiental (excesso de ruído, presença massiva de diversões em ecrãs), alimentação com excesso de hiodratos de carbono refinados ou conservantes, alergias neurológicas (falhas do sistema imunológico), com repercussões no cérebro, que controla comportamentos, aprendizagens e estados de ânimo.
Neste segundo caso, a intervenção deve ser orientada para a modificação do comportamento e para a promoção de ambientes relaxantes que permitam à criança funcionar com maior equilíbrio.
Quanto aos resultados académicos, também devemos distinguir entre défice de resultados acadêmicos e défice de habilidades académicas. Muitas crianças com défice de atenção (duas terços) não têm problemas com os resultados académicos, mas sim na impulsividade, dificuldade para seguir instruções e terminar tarefas. Em contrapartida, quando há défice nas habilidades académicas, é muito frequente que os resultados sejam escassos e alcançados com grande investimento de tempo e/ou esforço. Existem também casos em que os dois défices confluem, resultando num perfil com o qual é extremamente difícil lidar, devido à complexidade. As intervenções sugeridas dependerão de um diagnóstico adequado, pois as necessidades são muito diferentes. Em todos os casos, é necessária uma intervenção coerente e consistente entre família e escola para um bom prognóstico.
1. Habilidades Gerais para a Aprendizagem
A intervenção escolar para gerir o défice de atenção deve centrar-se na formação de habilidades para a aprendizagem.
O trabalho com as unidades de informação ajuda o aluno a concentrar-se em detalhes, detectar diferenças ou semelhanças e memorizar esses detalhes de forma sistemática. No nosso modelo de diagnóstico e atenção, trabalha-se em: CUF, MUF, EUF, como habilidades necessárias para aumentar a concentração.
CUF: Captação Visual
Para que o aluno possa ler com conforto e obter satisfação na leitura, é necessário que obtenha, pelo menos, um pontuação média. Se o CUF for baixo, pode sentir desconforto, cansaço e a sua leitura pode ser lenta. Existem várias habilidades visuais que devem ser aprendidas, pois não só a saúde visual afeta a aprendizagem da leitura. Na análise, aparece um gráfico que reflete o estado de todas as habilidades que afetam a visão. Igualmente, na plataforma existe um módulo especializado para esta área.
MUF: Memória Periférica Acidental ou Memória de Detalhes
A memória é essencial para a leitura avançada: intervém no cuidado com os detalhes (atenção e concentração periférica); por isso, muitas atividades de aprendizagem dependem desta habilidade.
EUF: Discriminação Visual
A habilidade para discriminar semelhanças e diferenças impacta a ortografia e a gestáo adequada das sequências dependentes de detalhes. Se o MUF for baixo, os problemas serão mais agudos.
2. Estilos de Aprendizagem
Muitos sintomas de falta de atenção devem-se a fatores disciplinares e à sobre-estimulação à qual as crianças estão sujeitas pela presença massiva de imagens, em ambientes de stresse generalizado por parte dos adultos.
Neste sentido, a Habilmind dispõe da prova "Estilos de Aprendizagem", que mede o "foco de atenção", descrito da seguinte maneira: "Preferência neurológica para investir e direcionar a energia intelectual de forma convergente ou divergente, com estrutura ou com flexibilidade".
Na atenção existem duas áreas importantes:
Campo de Atenção: inclui todos os estímulos internos (fome, temperatura, conforto, possíveis dores...) e os estímulos externos (sons, imagens, etc.). Todos esses estímulos competem para se tornarem o centro da atenção e excluir os demais. A maturidade neurológica e a educação formam um filtro para selecionar adequadamente a atenção a certos estímulos e colocá-los no foco.
Foco de Atenção: é a escolha de um estímulo, entre todos, para dedicar a energia intelectual e emocional disponível. Na medida em que o foco é mais potente, os estímulos que permanecem no campo enfraquecem consideravelmente, ao ponto de quase desaparecerem da nossa consciência.
O foco de atenção desempenha um papel importante no aprendizagem porque estabelece as características concretas do ambiente externo para a eficácia na gestão da informação.
A atenção funciona como um filtro intelectual da imensa quantidade de informações que nos rodeia, que competem para ser captadas pelo nosso cérebro. Segue processos naturais de seleção e organização de todos os dados de acordo com prioridades pessoais, estabelecidas de forma inconsciente. A mecânica seletiva da atenção estrutura a informação de forma diferente, através da rejeição de alguns dados e da ênfase em outros.
A organização dos dados também depende da importância atribuída aos múltiplos detalhes ou à essência de uma mensagem informativa; a prioridade realizada pelo filtro de atenção permite que o cérebro capte uma multitude de dados de forma simultânea, sem considerar a ordem; ou então, por outro lado, concentra-se num dado de cada vez, para ser ordenado, hierarquizado e processado gradualmente.
Por outro lado, no mesmo teste medimos a "tolerância ao esforço e à frustração", definida como:
O estilo de aprendizado também contém ingredientes emocionais como a tolerância ao esforço e à frustração. Este mecanismo faz parte da inteligência emocional, que apoia ou prejudica a aprendizagem, a partir do seu interior. A atitude mestre para formar hábitos positivos é o adiamento da gratificação e a capacidade de enfrentar dificuldades ou problemas.
A aprendizagem é um hábito que não depende de ações isoladas ou esporádicas. Por esta razão, é importante verificar o estado atual da tolerância ao esforço e à frustração, para atender adequadamente a este traço pessoal. A autodisciplina e a autogestão são as derivações naturais dessa tendência, que não só se repercute no trabalho académico, mas em todas as ações que sustentam o desenvolvimento harmonioso do ser humano.
E a "motivação": Outro fator emocional do estilo de aprendizagem é a motivação, que, juntamente com a tolerância ao esforço e à frustração, faz com que todos os componentes intelectuais positivos se intensifiquem e enriqueçam.
A motivação é um motor pessoal de ação. Quando a sua origem está em razões pessoais e não dependente de recompensas ou castigos, mas da gratificação derivada da própria ação, a motivação é intrínseca. Pelo contrário, se o motor da ação depende da procura de uma gratificação fora da própria atividade e está orientado para a conquista de um prémio ou para a fuga aum castigo, é uma motivação extrínseca.
A motivação na aprendizagem depende, primeiro, de que as habilidades para a aprendizagem estejam asseguradas. De facto, um dos maiores abastecedores da motivação é o sucesso e este depende das ferramentas intelectuais de alto nível que propiciam o sucesso na aprendizagem.
O ingrediente emocional da motivação é aportado pela autogestão, disciplina sistemática e uma visão positiva do futuro.
Leitura Recomendada: “ADHD in the Schools” de George J. DuPaul e Gary Stoner (2014). Ed. Guilford.
Fatores Cognitivos
Nos fatores cognitivos que influenciam a atenção, temos a captação e a memória. A atenção pode ser visual ou auditiva, pelo que é importante detectar em qual das duas existe um potencial problema.
Captação da Informação
A captação da informação é o primeiro processo que a mente realiza para adquirir os dados necessários e convertê-los em conhecimento. Aristóteles dizia que "todo conhecimento começa pelos sentidos"; esta afirmação descreve que a inteligência humana precisa da integração de dados por parte de qualquer um dos sentidos, sobretudo a visão.
Além da entrada visual ou auditiva da informação, a aprendizagem académica depende muito da palavra; o vocabulário é um dos ingredientes para captar a informação de maneira completa, clara e precisa.
Na captação da informação intervém de forma determinante o ritmo de vida: os alunos com ritmo de vida lento requerem mais explicações e maior tempo para alimentar a sua mente com os dados que serão transformados em conhecimento. Depois de aprenderem, costumam ter profundidade e consistência. Os alunos de ritmo rápido dão a sensação de brilhantismo, embora a sua aprendizagem possa ser superficial e propensa à dispersão.
As habilidades específicas da captação são as seguintes:
Classificação e Ordem Mental (CCF)
Primeiro Nível de Leitura Compreensiva (CRM)
Gestão de Hipóteses ou Teorias (CRS)
Orientação Espacial (CSF)
Seguimento de Instruções e Informação Extensa (CSM)
Captação de Fatos Numéricos (CSS)
Perspectiva Espacial (CTF)
Captação Visual (CUF)
Vocabulário (CUM)
Memória da Informação
A memorização da informação é o segundo passo no processamento da informação; a memória é o "banco de dados" do conhecimento; depois de ter capturado os elementos necessários para a inteligência, estes são armazenados na memória.
O adequado armazenamento de informação depende da atenção e da classificação dos dados. Usualmente, a mente não tem problemas de armazenamento, mas sim de evocação: se os dados foram mal captados ou classificados de forma deficitária, a evocação ficará comprometida.
A tensão também é um inimigo natural da memória, por isso o nervosismo pode bloquear totalmente a memória e deixá-la em branco. A tranquilidade, pelo contrário, gera um ambiente propício ao funcionamento da memória.
As habilidades relacionadas com a Memória da Informação são as seguintes:
Memória Lógica (MIS)
Memória de Sequências Auditivas (MSSa)
Memória Periférica Acidental (MUF)
Memória e Atenção Auditiva (MUSa)
Memória e Atenção Visual (MUSv)
Conclusões
A Habilmind pode ajudar e complementar um diagnóstico de défice de atenção, através de várias das provas disponíveis. Por um lado, disponibiliza a prova "Tendências Pessoais", que analisa o foco de atenção, a tolerância ao esforço e à frustração, assim como a motivação; por outro lado, oferece a prova de "Habilidades de Aprendizagem", na parte cognitiva referente à captação e memorização da informação, sendo medidas 14 habilidades específicas.
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